Alguns lugares nos inspiram de diversas formas, para escrever, para ler, para relaxar. E alguns, mesmo com muito esforço, não conseguem o mesmo efeito. Sentada ao lado da piscina do meu condomínio, estou tentado descrever minha última viagem.
Sinto que esse post parecerá bastante “mimado” dado que, muitas vezes, comento sobre as oportunidades que tenho de uma vã e pretensiosa, principalmente considerando que a maioria das pessoas que conheço não terão essa mesma chance. De toda forma, acredito que se eu apenas fizer uma descrição superficial, sem minha subjetividade extrema, a experiência (e o relato em si) perde o sentido.
Final de agosto, chegada de mais um feriado: o dia nacional. Como a data permitia um fim de semana prolongado, embarquei com algumas meninas (!) do trabalho para o Camboja. O país é famoso pelo esplendoroso sítio arqueológico de Angkor Wat, uma cidade formada por templos e palácios de pedras que começou a ser construída por volta do século 9.
(Phnom Pehn)
O plano para os 4 dias foi voar para a capital, Phnom Pehn, pelo baixo custo do vôo e em seguida, irmos de ônibus à Siem Reap, cidade próxima ao hoje, patrimônio cultural da UNESCO. Como de praxe, ao sair do saguão de desembarque fomos cercadas por uma enxurrada de taxistas nos oferecendo transporte, todos a um preço fixo. Escolhemos um e repetimos “N” vezes (e mostramos o endereço) que queríamos ir à estação de ônibus. Chegamos ao local, pagamos o motorista e nos deparamos com apenas uma companhia de ônibus a um preço abusivo. Voltamos ao motorista, argumentamos que queremos o tal endereço e o rapaz se fez de desentendido. Mais alguns motoristas se juntaram à ele, e por um instante, pensei em deixar passar. Felizmente, uma das meninas resolveu seguir a linha dura também e conseguimos que o bendito nos levasse para outro lugar. Enquanto ele dirigia em círculos, dizendo que não havia outras companhias de ônibus na cidade (!!!) vimos algumas agências de viagem e pedimos para ele parar. Conseguimos a passagem pela metade do preço, é claro.
Vencida a primeira batalha, tínhamos pela frente 5 horas de viagem pelo interior de Camboja, em um ônibus bem pouco confortável. Não obstante, compramos justamente para o ônibus que os locais também utilizam, o que tornou a viagem ainda mais sofrida. Inúmeras crianças e assentos, que para nós estrangeiros, serve para duas pessoas, chegavam a levar 4 cambojanos. Como a viagem era longa, levar snacks para comer no caminho é comum. Mas novamente, no Camboja, tudo era permitido. Em certo ponto da viagem, o ônibus fedia tanto, que eu não conseguia sequer dormir de incômodo. Além disso, como não havia banheiro, sempre (sempre!) que alguma das crianças precisa se “aliviar” o motorista parava. E por fim, para entreter os passageiros, sempre há televisão ou música, certo? Imagine uma viagem inteira com filmes dublados em cambojano e músicas Khmer (exemplo abaixo, para entenderem meu sofrimento). Ah, não esquecendo que eu acho que ou o motorista ou os cambojanos sofrem de sérios problemas auditivos, pois meu iPod, no último volume, não conseguia evitar a música local.
(Música Khmer)
Na chegada em Siem Reap, o famigerado assédio por parte dos motoristas de tuk-tuk e depois de uma breve cena dramática (também algo que já virou rotina) de que não iríamos pagar mais, deu tudo certo e fomos buscar um local para ficarmos. Eu havia abordado outro grupo de mochileiros, que nos indicou uma guesthouse e o local era bem decente e baratinho. Combinamos também como nosso tuk-tuk de nos servir pelos dois dias que estaríamos por lá. E o moço era bem bonzinho, apesar de sempre choramingar pelo preço que pedíamos.
Angkor foi outra história. O lugar é realmente fascinante! Construções inimagináveis de séculos atrás. Ou, como brincamos, talvez sejam impossíveis nos dias atuais, que o mais fascinante que se consegue produzir é o iPod nano versão 565.376.980! Fomos ao templo mais famoso (Angkor Wat) ainda no dia da chegada para assistirmos ao pôr-do-sol e no dia seguinte pela manhã continuamos pela “cidade de pedra”.
Um breve resumo: Angkor é uma região do Camboja que serviu de capital para o império Khmer por cerca de 4 séculos até ser invadida. Durante esse período, foram construídos diversos templos (estima-se mais de mil) sempre com uma diferente motivação, arquitetura e inspirações religiosas. Angkor é hoje considerada a maior cidade pré-industrial do mundo, com cerca de 1.000km².
Para a visitação, há diversas rotas e passes. Compramos o passe de 1 dia apenas, pelo tempo que tínhamos disponível e escolhemos a “grande rota” que passa pelos principais templos, mas em maior quantidade, já que possuíamos o dia inteiro livre. O mais divertido da visita, fora tirar fotos é claro, era escalar todas aquelas ruínas ou até me sentir uma Lara Croft (filme com Angelina Jolie) passeando por Angkor Thom, onde um dos filmes foi rodado.
A nossa visita durou cerca de 6 horas e no final, me desculpem, era tudo muito parecido. Então eu acho que um dia foi realmente o suficiente para leigas como nós, que passeávamos, tirávamos fotos, “colávamos” nos guias que falavam inglês (a maioria era de grupos chineses. Santo Deus, como esses chinesinhos são um atraso em locais turísticos!) para entender um pouco da história e acompanhávamos nossos, recém comprados, livros sobre Angkor (“Sic dollar miss, veLy chEEp”).
No dia seguinte, fomos ao Tonle Sap, uma mistura de rio e lago que fica à uns 40kms de Siem Reap. Ele é famoso por ser um grande sistema hídrico e foi declarado UNESCO biosphere (desculpa, mas eu não sei como traduzir isso, sem parecer estúpido!) e, 1997. Sua vila flutuante, onde centenas de pessoas vivem, estudam e trabalham, migra duas vezes por ano, de acordo com a estação (chuvosa ou não).
Por fim, parte do meu grupo ficou em Siem Reap e eu e mais uma das meninas voltamos para Phnom Pehn para nosso vôo no dia seguinte. Dessa vez o ônibus levou bem menos tempo, mas a bendita música estava lá para me atormentar (e apesar de a vasta maioria ser de estrangeiros, que também reclamavam do “som ambiente”, o motorista manteve-se firme e forte em sua tortura!). A guesthouse da última noite era meio assustadora e cara. E negociar com o bendito tuk-tuk para nos levar ao aeroporto, levou uma eternidade, mas conseguimos o preço que queríamos!
A viagem foi curta, mas na medida certa. O Camboja não me conquisto, mesmo com seus suntuoso templos de pedras. O país é um dos piores exemplos do que uma economia pobre e excesso de turismo podem gerar. Assim, posso dizer, que infelizmente não tenho nenhum desejo de visitá-lo novamente.
Comentários
E ah... q pena q naum curtiu mto a viagem! Mas eu acho q assim q a gente aprende, neh! Gostando e naum gostando das coisas =D