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A razão do meu (não) ser


(Um dos dias felizes - Mari na Ásia 2)

Passados quase 6 meses do meu retorno à Ásia e dado meu sumiço do blog, resolvi escrever então sobre a bagunça que minha vida se transformou nesse tempo.

Com a minha estadia quase terminada por aqui e pronta para voltar a minha terrinha, uma oportunidade de trabalho interessante apareceu. Fiquei com o pé atrás, dado que o salário era horrível e eu já estava cansada dessa vida de “estagiária”. Mas por forças maiores (pressão dos amigos daqui, do namorado que ficaria para trás e da oportunidade de continuar meu tour asiático), acabei convencida de que valeria a pena. Não direi “ledo engano”, pois de alguma forma fui beneficiada, mas a constante infelicidade que me trouxe, tornou tudo mais complicado.

Após passar meras 3 semanas em casa, sem tempo para ver sequer toda a família próxima, embarquei apressadamente de volta à Malásia. Meu primeiro dia de trabalho, menos de 24 horas depois da volta, durou nada menos do que 15 horas (sem contar o deslocamento). E assim continuou pela primeira semana. Na sexta-feira, com “apenas” 12 horas no escritório, nada mais fazia sentido. Eu estava exausta.

“É só no começo. Isso melhorará”, pensava eu. Ao final do primeiro mês de muito trabalho, muitas dores de cabeças, sem fins de semana e feriados e com uma compensação irrisória, decidi que me demitiria.

Sem ainda ter expressado qualquer intenção, recebi uma ligação de meu chefe. Eu havia sido promovida, simples assim. Novo cargo, novo salário. Eu só teria que agüentar mais um mês até o projeto ser lançado. Eu estava novamente motivada. Apesar da exaustão física e mental, meus esforços haviam compensado.

O projeto de fato foi lançado na previsão correta (o único entre os 3 primeiros). Alguns tropeços no caminho que me assustaram, mas tudo era uma nova lição. Ao fim do mês nenhuma mudança, apesar de ter sido lembrada das promessas e de que elas viriam. Mais um mês se passa e chego ao fim do meu tempo de experiência. Era o momento de um novo contrato...ou eu achava.

Uma mudança ocorreu, algumas semanas mais tarde. Um dos recém-contratados para os projetos europeus havia se demitido, e eu fui “oferecida” para ser transferida, para a mesma posição em diferente projeto. Comuniquei minha insatisfação com a espera por mudanças e quando vieram, foram apenas marginais.

Além de mais promessas, recebi mais um desafio, uma pessoa inexperiente e irresponsável foi transferida para ser meu assistente. Fiz minha parte, montei materiais, dados e informações e lhe dei tarefas a serem cumpridas. Nada. Eu já havia sido alertada que o rapaz seria um problema, mas eu estava convencida de que eu poderia ensiná-lo. Mero engano.

O acúmulo de promessas não cumpridas e as novas atividades, que também se acumularam ao confirmarmos que o tal ajudante mais atrapalhava, tiraram-me completamente qualquer esperança. Eu, que já havia provado ser extremamente capaz, estava sendo subutilizada, pois uma “força maior” discordava com meu avanço: “Já que ela pode sempre fazer mais nessa posição, sem maiores problemas, por que deveríamos mudar algo?”. Minha paciência chegou ao limite.

Minha carta de resignação chegou em uma segunda-feira, após um feriado finalmente aproveitado, em parte. Fui convidada para um almoço com a gerência no dia seguinte. Novas promessas e feedbacks exagerados. Cheguei a ouvir de que eu era um “troféu”. Recebi uma semana para entregar minhas condições para ficar.

Essa semana chegou e apesar da constante pressão das pessoas em volta (do lado de cá) para que eu “pelo menos” ofereça minha proposta, segui em frente com minha recusa. Eu fui “passada para trás” inúmeras vezes, me foi tirada a liberdade de aproveitar minha estádia e passei a ser extremamente intolerante. Deixei não só os amigos daqui de lado, mas todos os que estão tão longe, mas que sempre me deram força para seguir em frente.

Com semanas após o ”início do fim” ainda estou lutando contra esse inferno em minha vida. Minha carta tem que ser “aceita” pelas “forças maiores” daquela empresa, e o que deveria ser apenas 30 dias mais de sofrimento, passou, se nada mais mudar, a 45.  Já ouvi de tudo, como desculpa pela confusão organizada. Mas lá eu aprendi, que se você não bater de frente com quem tiver que ser (até os tais “deuses”), nada funciona. E o “engraçado” é pensar que a confusão toda é formada por dois “seres superiores” brancos, mas que incorporaram uma definição própria de “hierarquia asiática”.

Comentários

Srta D. disse…
Mas agora já passou! AEEEEEE!!!!! \o/

Fico tããão feliz por vc!

Bjo

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