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Vivendo e aprendendo

Quando sento para escrever sobre mais um momento asiático, muitas vezes não posso deixar de perceber que pareço um clichê ambulante. Principalmente com esses títulos piegas!

(Lago em frente a Gua Tempurung)

Mais um feriado prolongado e mais a viagem por terras locais. E a viagem mais diferente até o momento: fomos convidadas por uma das meninas do trabalho para viajar até sua cidade natal e conhecer sua casa, família e amigos!

(Nossa "gangue" após a primeira tarefa do dia - caving)

E para onde fomos mesmo? Perak, um dos estados que faz divisa com Selangor (onde está localizada Kuala Lumpur). Nosso passeio teve 4 paradas por lá, mas o ponto principal foi Ipoh, a cidade de nossa companheira. Começamos  a quinta-feira cedinho, rumo a Gua Tempurung, uma caverna na cidade de Gopeng para minha primeira experiência de caving (isso tem tradução?). O percurso completo era estimado em 3 horas, mas o nosso grupo era muito grande e levou umas 4h30! E é claro que foi uma daquelas atividades que eu não poderia deixar de me divertir: tive que escalar e deslizar por pedras, engatinhar por lugares baixíssimos e com passagem do rio, e me sujei e ralei por inteira, é claro!

(Rafting)

Não “satisfeitos” com a primeira aventura, rumamos para a próxima atividade: rafting! Um percuso de meia hora – com estradinhas de terra minúsculas, com passagem para só um carro por vez! - um breve almoço e lá fomos nós para mais diversão! Apesar de a correnteza estar baixa, a experiência valeu a pena. Os instrutores eram engraçados e o pessoal, apesar de cansado, estava ainda bem animado.

(Centro de Ipoh a noite)

Fim do dia, ainda mais sujos e encharcados, voltamos para Gopeng, para seguirmos rumo a Ipoh. A viagem foi curtinha e quando chegamos na casa de nossa amiga, fomos recebidos por seus pais, que foram super simpáticos, mesmo tendo um grupo de 8 pessoas em casa! Tomamos um banho, colocamos roupas e sapatos para lavar e fomos conhecer a cidade. O jantar foi sem graça, mas a parada na casa de chás e na “rua das sobremesas” foi bem legal. Como estávamos todos sem muitas condições de fazer qualquer coisa mais, voltamos para casa e dormimos.

(O "pequeno" café da manhã, e isso era só o começo!)

Sexta-feira, acordamos cedo, e após uma “pequena” espera para todos se aprontarem, fomos tomar café em outro local famosinho da cidade: o restaurante de dim sum. Não conhece essa maravilha? Trata-se de pequenos “pastéis” (alguns parecidos com guioza) e pães chineses, recheados com uma variedade de coisas (em São Paulo, meu restaurante preferido é o Ping Pong, da rede inglesa de mesmo nome, apesar de ser uma franquia ocidentalizada). Nos empanturrámos de comer e tomar chá (outro dos meus vícios asiáticos) e depois, com algum esforço, saímos pela cidade para comprar biscoitinhos e provar mais algumas guloseimas locais. Pela tarde, fomos visitar os templos da cidade, que são dentro de cavernas.

(um dos templos dentro da caverna em Ipoh)

A comitiva agora contava com os pais da Siew Wei e tivemos que ir de carro à todos os pontos, já que ficavam distantes do centro e também entre si. Fiquei impressionada com as construções e a beleza dos locais onde os templos foram construídos. E por estarmos acompanhadas por chineses, era bem mais legal ouvir as histórias e crenças enquanto visitávamos os lugares.


(mais um dos templos - meu preferido!)

O fim do dia foi reservado para um “churrasco” com direito até a bacon (mulçumanos não podem comer nada derivado do porco, o que torna esse tipo de produto caríssimo por aqui!), mas carne de boi mesmo, nem sinal (Não é a toa que todos os gringos que levamos aos churras brasileiros até hoje, sempre querem voltar!). Do mais, jogamos conversa fora e fomos rapidinho à Tesco (supermercado) comprar uns presentinhos para entregarmos no dia seguinte.

(Churrasco com salsichas, - de frango - bacon, presunto e tom yam - sopa apimentada com tofu e vegetais)

Curiosidade: Novamente, como país mulçumano, mas mais liberal, a Malásia até vende álcool e carne de porco, mas em uma parte separada das lojas, chamada Non-Halal. Geralmente quando compramos esses tipos de produtos devemos pagar nessa área especial (e os atendentes só podem ser de origem chinesa ou indiana) ou, se levarmos com o restante das compras, não podemos passar pelos caixas com atendentes mulçumanos (eles podem se recusar a passar o produto, já que não devem tocar nessas coisas “pecaminosas”). O presente para o pai da Siew Wei seria alguma bebida alcoólica, mas quando fomos comprar, descobrirmos que essa área tinha horários de atendimento diferentes do restante da loja, e sequer poderíamos entrar lá. A solução foi mesmo arranjar outro presente, porque não quiseram abrir a lojinha.

(Queimei meus dedos umas duas vezes brincando com essa fonte termal aí! Haha)

No último dia, visitamos, já no caminho de volta, uma região com águas termais. Para os nossos coleguinhas locais, o passeio era super excitante, para mim, um pouco estranho. Afinal, o que leva pessoas a visitar um lugar com águas com temperaturas entre 45°C e mais de 100°C em uma região na qual a menor temperatura anual não chega a menos de 18°C? (Apesar de eu já ter visitado Caldas Novas – GO, sempre me fazendo o mesmo questionamento) O momento mais engraçado foi cozinhar ovos (!) em uma das fontes com temperatura entre 90°C e 120°C. O local tem até título do Livro de Recordes da Malásia (?) de “maior evento de cozimento de ovos” (foto abaixo, pra não falarem que eu estou de palhaçada) com o incrível número de 50.480 ovos!!! Agora, quem comeu tudo isso???

(Competição de ovo cozido? Só na Malásia mesmo!)

A lição que tirei dessa viagem é de que o contato com locais, apesar de demorado e muitas vezes superficiais, compensa o esforço no final. Tive o prazer de conhecer pessoas incríveis, prestativas e que, assim como eu, possuíam um certo receio de contato com a “outra raça”. Ouvi que eles nunca tiveram contato com os “brancos” antes por acharem que éramos fechados, arrogantes ou desinteressados pela cultura deles. Imagine a reação dos coitadinhos depois de passarem 3 dias com a pessoa mais tagarela, expansiva e invasiva (eu saía abraçando, só por diversão) que eles já tiveram (e talvez terão) na vida? Ganhei o título de mais barulhenta, mas pelo menos “matei” esse medo de estrangeiros que eles tinham...ou acentuei ainda mais, vai saber.


(A adorável Chan!)

Comentários

Mari disse…
Fiquei com vontade de comer ovo cozido!! hehehe
Bem legal as fotos, que invejinha... principalmente do seu templo preferido, tão bonitinho!!
Beijos!!

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